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Foto do escritorDra. Patrícia Ishiy

EFLÚVIO ANÁGENO: A TEMIDA QUEDA DE CABELO PÓS QUIMIOTERAPIA E RADIOTERAPIA

O diagnóstico e tratamento do câncer trazem um grande impacto físico e emocional ao indivíduo. Dependendo do tipo de tratamento proposto para o câncer, diversos efeitos colaterais podem ser observados, e entre eles, a queda de cabelo pós quimioterapia ou radioterapia acaba sendo um dos efeitos colaterais mais estigmatizantes.



Esse tipo de queda capilar é chamado de eflúvio anágeno pois o tratamento para o câncer pode atacar as células da matriz dos folículos pilosos que estão em fase de crescimento, ou seja, a fase anágena. Como cerca de 85% dos fios de cabelo estão na fase de anágena, a queda de cabelo é intensa e extensa (para entender melhor sobre o ciclo capilar, dê uma olhada no texto anterior). Além disso, pode ocorrer também queda dos pelos da sobrancelha, cílios e do corpo.


COMO A QUEDA SE MANIFESTA?

Trata-se de uma queda exuberante, com início em 1 a 3 semanas após as sessões de quimioterapia ou radioterapia. Em cerca de 1 a 2 meses os cabelos caem por completo, restando apenas alguns fios de cabelo que estão na fase telógena. A intensidade da queda também depende do tipo de tratamento, dose, via de administração, frequência das sessões e fatores individuais.



QUAIS TRATAMENTOS PARA O CÂNCER PODEM LEVAR A QUEDA DE CABELO?

  • Quimioterápicos mais comuns: alquilantes (ex: ciclofosfamida), antraciclinas (ex: doxorrubicina, idarrubicina), taxanos (ex: docetaxel, paclitaxel), dactinomicina, inibidores da topoisomerase (ex:irinotecano, topotecana, etoposido)

  • Radioterapia direcionada para o couro cabeludo (tratamento de câncer do sistema nervoso central, câncer de pele do couro cabeludo, etc)

  • Alguns tipos de imunoterapia e terapia-alvo

  • Terapia hormonal (ex: anastrozol e tamoxifeno) - estas medicações especificamente levam a um tipo de queda capilar que se inicia em 6 meses a 1 ano, com um padrão de queda diferente do eflúvio anágeno

GERENCIAMENTO DO PROCESSO

Durante esse período a autoestima do paciente pode ser afetada, principalmente nas mulheres, que depositam no cabelo a feminilidade e atratividade. No entanto, é importante salientar que essa queda é reversível em 80% dos casos e os cabelos voltam a nascer em 3 a 6 meses após o término do tratamento. Os novos fios podem nascer com textura e cor diferentes, mas tendem a normalizar com o tempo. Algumas dicas de cuidados são essenciais para amenizar o processo:


  • Enfrentamento, superação e aceitação são chaves para aprender a lidar com a mudança brusca na aparência.

  • Para tornar a perda capilar menos traumática, alguns pacientes optam por cortar o cabelo mais curto antes de iniciar o tratamento para o câncer.

  • Se preferir usar peruca, compre ou mande fazer antes de iniciar o tratamento para personalizar a prótese capilar de acordo com o seu tom de fio e estrutura de haste similar ao seu cabelo. Opte por modelos confortáveis e que se ajustem adequadamente à sua cabeça.

  • Use shampoo suave e tome cuidado ao lavar o couro cabeludo, realizando sempre movimentos suaves. Opte por uma toalha macia e realize movimentos suaves para secar, sem esfregar o couro cabeludo.

  • Use uma escova de cabelo de cerdas macias para pentear os fios remanescentes.

  • Evite o uso de secador de cabelo em altas temperaturas e procedimentos químicos no cabelo (tintura, alisamento, permanente) pois eles podem danificar ainda mais o fio de cabelo e machucar o couro cabeludo que está mais exposto.

  • Use uma fronha de tecido macio (ex: cetim) para evitar o atrito com a superfície da fronha.

  • Caso opte por não usar peruca, proteja sempre o couro cabeludo com uso de protetor solar e/ou chapéu quando estiver em ambiente ao ar livre.

  • No inverno, cubra o couro cabeludo com um lenço para evitar a perda de calor do corpo.

TEM COMO PREVENIR A QUEDA?

Infelizmente não existe tratamento que irá prevenir 100% a queda, mas atualmente existe no mercado dispositivos que amenizam a queda em caso de tratamento com alguns quimioterápicos.


Trata-se da técnica chamada de scalp-cooling, onde se usa uma máquina resfriada (Paxman®) ou touca (Elastogel®, Capelli®) no couro cabeludo, com maior quantidade de estudos nas pacientes em tratamento quimioterápico para câncer de mama, mostrando diminuição de até 50% da queda capilar. Através do resfriamento intenso do couro cabeludo, promove-se uma vasoconstrição que diminui o aporte de quimioterápico nos folículos pilosos.


A eficácia depende do tipo e dose de quimioterápico usado (quanto mais agressivo, menor a chance de funcionar) e da temperatura que o couro cabeludo atinge ao longo da sessão (deve ficar entre 16-18°C).


Seu uso é contra-indicado em casos de câncer de mama com metástase, neoplasias hematológicas (linfomas e leucemias) , tumor sólido com alta chance de metástase para a pele e metástase já estabelecida no couro cabeludo.



FONTE: SAÚDEBUSINESS

O QUE FAZER PARA MEU CABELO CRESCER MAIS RÁPIDO?

Após passar por toda a superação do câncer, olhar no espelho e se deparar com a ausência de cabelo pode impactar negativamente na auto-estima e qualidade de vida do paciente. A depender do caso, algumas soluções tópicas podem ser prescritas para acelerar a repilação do couro cabeludo. Um seguimento dermatológico atuando em conjunto com o seu oncologista pode te ajudar neste processo de recuperação.


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